DOSSIÊ TEMÁTICO
Feitiços e Encantamentos do Contemporâneo (v. 10, n. 24, 2023)
ORGANIZADORES/AS
Prof. Dr. Gabriel Lacerda de Resende (UFF)
Prof. Dr. Marcelo Santana Ferreira (UFF)
Profa. Dra. Maria Elizabeth Barros de Barros (UFES)
Prof. Dr. Pablo Cardozo Rocon (UFMT)
A Aceno – Revista de Antropologia do Centro-Oeste (ISSN: 2358-5587– Qualis A2), publicação eletrônica semestral de caráter público, ligada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Mato Grosso, convida membros da comunidade acadêmica e pesquisadores a apresentarem artigos ao dossiê temático Feitiços e Encantamentos do Contemporâneo, a ser publicado em sua edição de número 24 (v. 10, 2023), conforme proposta abaixo.
O feitiço é uma questão crucial para a realização da crítica da cultura por um viés materialista. Assumindo o lugar da coisa viva e pensante, os feitiços e as fantasmagorias assombraram e mobilizaram exercícios críticos, como aquele formulado por um curioso pensador alemão que partia do feitiço que sustenta uma religião sem possibilidade de expiação – o capitalismo – em busca da magia que assenta morada na linguagem. Neste dossiê convidamos pesquisadores/as a, em 2023, recolocar as inquietações formuladas por Benjamin – e por muitos outros, por muitas outras – é urgente. Sob a promessa da conectividade ilimitada, as redes sociais enfeitiçaram as subjetividades com fake news e teorias conspiratórias que parecem encurralar nossa experiência histórica nos becos do neofascismo vitaminado pelos algoritmos, radicalizando o sentido de uma condução coercitiva da vida social.
Convidamos também às insurgências diante do fim da história: as redes escapam aos algoritmos e reabilitam o sentido da solidariedade, intervenções no campo da cultura e das artes nos reconectam com as urgências de nosso tempo, e experiências que apontam para cosmovisões não eurocêntricas conjuram o reencantamento do mundo para fazermos frente à barbárie. Nessas pistas, este dossiê numa perspectiva transdisciplinar, convida às insurgências ante aos feitiços fascistas em exercícios éticos e políticos – e, por certo, metodológicos – que podem ser empreendidos em busca da quebra do feitiço!
O propósito do presente dossiê é abrir uma fenda para a apresentação de pesquisas que coloquem em análise dinâmicas contemporâneas sob o signo do feitiço e do encantamento: trabalhos que tomem o desafio de analisar: 1. as ambivalências das redes: potência e disrupção, solidariedade, amizade, redes sociais; 2. a feitiçaria fascista e os encantamentos; 3. A relações ético-estéticas na coprodução de resistências, coemergências, insurgências; 4. Subjetividades resistentes, monstras, disruptivas, desviantes, contracoloniais, desobedientes, parentescos raros. Assim, convidamos os/as diversos/as pesquisadores/as da psicologia, ciências sociais, antropologia, saúde coletiva, dentre outros/as/es na coprodução deste dossiê.
PRAZO FINAL DE SUBMISSÃO: 30 de maio de 2023
ACESSE: http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/aceno/index
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DOSSIÊ TEMÁTICO
Cosmopolítica e Etnopolítica na Interseccionalidade do Movimento Indígena (v. 11, n. 25, 2024)
ORGANIZADORES/AS
Prof. Dr. Luiz Augusto Sousa Nascimento (IFMA)
Prof. Dr. Flávio Rodrigo Freire Ferreira (IFRN)
A Aceno – Revista de Antropologia do Centro-Oeste (ISSN: 2358-5587– Qualis A2), publicação eletrônica semestral de caráter público, ligada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Mato Grosso, convida membros da comunidade acadêmica e pesquisadores a apresentarem artigos ao dossiê temático Cosmopolítica e Etnopolítica na Interseccionalidade do Movimento Indígena, a ser publicado em sua edição de número 25 (v. 11, 2024), conforme proposta abaixo.
A proposta visa reunir pesquisas etnográficas relacionadas ao movimento indígena na América Latina e, especificamente, no Brasil. Por movimento indígena, a antropologia consagra um conjunto de ações relacionadas ao protagonismo de lideranças indígenas como sujeitos políticos e históricos. Ao longo dos processos intersocietários na América Latina e, sobretudo, no Brasil, os indígenas foram considerados pelo Estado como sujeitos relativamente incapazes, portanto, desprovidos de qualquer ativismo político. No Brasil, somente a partir da década de 1960, lideranças indígenas de diferentes grupos étnicos começam a se organizar para garantir direitos territoriais e pautar reivindicações genéricas, tais como cuidados à saúde e por uma educação que primasse pela diversidade sociocultural e linguística, iniciando uma etapa em que a antropologia consagra como etnopolítica ou política étnica. A política étnica ganhou força nas décadas seguintes e foi crucial para defender direitos nos processos constituintes que norteou pela primeira vez na história constitucional do Brasil, um capítulo exclusivo dos Índios, rompendo com a ideia do indígena como relativamente incapaz e abrindo novas perspectivas para os movimentos indígenas. Com a promulgação da Constituição brasileira de 1988, a política étnica ganhava novos contornos, sobretudo, quando a Funai deixa de ser o órgão centralizador da política indigenista oficial.
Nesse emaranhado, algumas frentes tornaram-se imprescindíveis para o debate do movimento indígena, destaque para as pautas pela garantia territorial, educação que garantisse as especificidades das culturas e uma política de saúde que levasse em consideração às práticas terapêuticas dos especialistas locais (xamãs, pajés, sacacas etc.), todas negadas pelo Estado assentado na política assimilacionista. Nesse contexto, a etnopolítica e a cosmopolítica se interseccionam nas estratégias discursivas das lideranças indígenas. Por etnopolítica ou indigeneidade (CADENA, 2010), compreendemos as ações políticas orientadas e pautadas pelos indígenas que participam dos embates institucionais frente às esferas dos Estados nacionais, que negam a diferença ontológica da indigeneidade ainda que faça através de práticas de inclusão. A etnopolítica se manifesta pela etnicidade cuja comissão de frente comporta lideranças letradas que transitam sistematicamente com o debate da política nacional.
Por cosmopolítica estamos apoiados nas concepções de Justin. Shaffner, Huon Wardle (2017) e de Isabelle Stengers (2018), que consideram como uma política em que o cosmos, que designa o desconhecido, constitui mundos múltiplos divergentes, articulados e coloca na pauta da ciência e da política, a natureza e um mundo comum. Stengers (2018) chama a proposta cosmopolítica, de fazer o cosmos – o que não é reconhecidamente político no mundo das ontologias indígenas e das indeterminações – insistir sobre a política, fazer. Com que a construção do mundo e do que chamamos natureza, seja incluída numa luta política. Portanto, territórios ontológicos, educação específica e sistema de saúde com terapias próprias incursionam pela cosmopolítica. Nesse sentido, nossa proposta visa trazer para o debate, pesquisas etnográficas que transitam pelo movimento indígena, considerando etnopolítica e cosmopolítica como fenômenos interseccionais.
PRAZO FINAL DE SUBMISSÃO: 30 de setembro de 2023
ACESSE: http://periodicoscientificos. ufmt.br/ojs/index.php/aceno/ index