Práticas de autoatenção, redes, itinerários e políticas públicas
Coordenação: Esther Jean Langdon (UFSC)
Rede Saúde: Práticas Locais, Experiências e Políticas Públicas
As atividades desta rede dão continuidade aos projetos coordenados pela Dra. Esther Jean Langdon no âmbito do Núcleo de Saberes e Saúde Indígena (NESSI) e se articulam em três eixos relacionados ao processo de saúde/doença: relações entre biomedicina e práticas de saúde locais; práticas terapêuticas, especialistas de saúde e emergência de novas formas de atenção à saúde; e, dinâmicas envolvidas nas práticas de autoatenção em contextos etnográficos específicos.
O doutorando Everton Luís Pereira, em sua pesquisa sobre surdez e língua de sinais, busca delinear como o diagnóstico biomédico auxiliou na produção de outras formas de se relacionar com os “surdos”, bem como produziu efeitos na sociocosmologia de uma comunidade rural no nordeste brasileiro. O estudo da mestranda Renata da Cruz Gonçalvez, entre os Xavánte da TI Parabubure (MT), compreende a alimentação como um campo privilegiado para as práticas de atenção à saúde e, ao mesmo tempo, para os discursos normativos que caracterizam a biomedicina, e pretende examinar os sentidos da alimentação escolar para Xavánte. O mestrando Diogo Virgílio Teixeira irá trabalhar com uma problemática semelhante, porém enfocando a relação entre medicina tradicional e atenção diferenciada à saúde entre os Guarani, em Santa Catarina.
Enfocando a produção de novas formas de atenção à saúde entre populações indígenas em articulação com outros conhecimentos, estão em andamento as pesquisas dos doutorandos Ari Gigghi Junior e Carolina Portela. O primeiro irá explorar a dinâmica emergente na oferta e procura para tratamento de infortúnios na TI Xapecó. Portela investiga práticas de atenção à saúde dos indígenas migrantes e em trânsito na cidade de Florianópolis. A doutoranda Waleska de Araújo Aureliano pesquisou a relação entre medicina, religião e “artes da cura” em um centro de tratamento para pacientes com câncer em Florianópolis. O Dr. Maurício Soares Leite e a Dra. Adriana Romano Athila, a partir de uma crescente conversão Wari’ ao cristianismo protestante, pretendem analisar e descrever as dinâmicas relacionadas ao processo saúde/doença entre os mesmos.
Os doutorandos Raquel Paiva Dias-Scopel e Daniel Scopel, relacionando aspectos como parto e ciclos de vida, alimentação, xamanismo, ritual e atenção às enfermidades, realizaram seu campo entre os Munduruku, no Amazonas. Também com uma ênfase na intersecção entre a alimentação e os aspectos ritualísticos, a doutoranda Bárbara Bustos Barreira investigou, no sul do Chile, o nguillatun, ritual mais importante dos Mapuche. Articulando dados sobre dietas, cuidados corporais e parentesco, a bolsista de pós-doutorado Nádia Heusi, baseando-se em sua pesquisa de doutorado, irá explorar certas concepções cosmológicas dos Mbya, que dizem respeito à manutenção da saúde. O mestrando Diogo Oliveira pesquisou a transmissão e os processos de conhecimento entre gerações nas aldeias guarani do litoral catarinense. A pesquisa da bolsista de pós-doutorado Isabel Santana de Rose dá continuidade à reflexão sobre a formação de uma rede xamânica contemporânea no sul do Brasil. As atividades conduzidas incluem a realização de uma revisão bibliográfica sobre xamanismo e ministrar disciplinas para graduação vinculadas a esta temática.