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Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Brasil Plural
Publicado em 08/06/2014 às 22:55 -
Filme “Maré do Peixe” na abertura da V Mostra Arandu de Filmes Etnográficos
Publicado em 18/11/2024 às 9:43 -
Palestra do Prof. Frédéric Keck (CNRS/EHESS)
Publicado em 11/11/2024 às 11:39 -
VI Seminário de ações afirmativas PPGAS-UFSC
Publicado em 31/10/2024 às 20:59 -
Exibição do documentário – Águas Alternativas
Publicado em 22/10/2024 às 8:16O Conselho Comunitário da Costa de Dentro e o Projeto de Pesquisa Sistemas Independentes de Água convidam a comunidade universitária para a exibição do filme Águas Alternativas. O evento ocorrerá na sede do Conselho Comunitário: Estrada João Belarmino da Silva, 2528, a partir das 9h20.
Sobre o documentário: Em Florianópolis, SC, o abastecimento urbano de água é centralizado por uma empresa estatal, como em muitos municípios do país. No entanto, na parte insular da cidade, algumas comunidades não conectadas, ou conectadas parcialmente a tais infraestruturas centralizadas de água e esgoto desenvolveram seus próprios sistemas coletivos alternativos de abastecimento de água. São infraestruturas que conectam o cotidiano e a história de morros e planícies costeiras a cachoeiras, nascentes, aquíferos, reservatórios, hidrômetros e encanamentos. As águas alternativas são apresentadas por seus cuidadores – moradores, técnicos e membros de três associações de moradores que cresceram em torno dessas águas.Data: 22/10/2024
Horário: 09:20Realização: CANOA PPGAS UFSC / INCT Brasil Plural
Financiamento: FAPESC; apoio – INCT Brasil Plural (CNPq) -
Conversa com pesquisadores do INCT Brasil Plural e do PPGAS UFSC na SEMANA INTERNACIONAL da UFSC.
Publicado em 22/10/2024 às 8:12 -
Evento NAUI 20 anos
Publicado em 16/10/2024 às 16:31
Evento híbrido. Inscrições em: https://inscricoes.ufsc.br/naui20anosMaiores informações em: https://naui.ufsc.br/evento-naui-20-anos/
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Roda de conversa: “Memória e salvaguarda de terreiros: Tradições religiosas entre o oral, o imagético e o digital”
Publicado em 11/10/2024 às 9:07Gesto/Ppgas e INCT Brasil Plural convidam para o encontro com a pesquisadora Díjna Torres* (UFS), “Memória e salvaguarda de terreiros: Tradições religiosas entre o oral, o imagético e o digital”, dia 15/10, às 14h:30 hs, sala 110, CFH.Durante o doutorado, Díjna Torres apresentou a contrapartida de construir espaços de salvaguarda físicos e digitais, dentro dos terreiros pesquisados em Sergipe, para catalogar as imagens e documentos produzidos como memória nos espaços, como forma de preservar as narrativas e o conhecimento dos locais, além de servir como modelo para que outras casas possam catalogar seus registros. O objetivo deste encontro é apresentar como foi construída a relação com as casas de axé ao longo da pesquisa e os desdobramentos acerca da importância da preservação da memória a partir dos múltiplos olhares que compõem a complexidade imagética do Candomblé em Sergipe.
*Díjna Torres é jornalista, Doutora em Antropologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mestra em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Em seu estágio pós-doutoral em História, pela UFS, desenvolveu uma iniciativa voltada à divulgação e fomento da história afro sergipana a partir do portal Kizomba dos Saberes. É especialista em educação e cultura afro-brasileira pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá, atua na área de produção cultural, religiões de matrizes africanas no Brasil, imagem, gênero e pesquisa aplicada.
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Defesa de Tese de Jane Siqueira “Oferecimento do sapateado: Uma etnografia da forma expresiva dos sapateadores de El Carmen”
Publicado em 10/10/2024 às 16:29 -
Publicado em 27/09/2024 às 21:51
É com profunda tristeza que comunicamos o falecimento de nosso querido Daniel Kuaray Timóteo Martins. Transmitimos nossa solidariedade a familiares, a colegas, às amizades e a todas as pessoas que Dani tocou com sua sabedoria e leveza de suas palavras.
Para quem não o conheceu, Daniel Kuaray, guarani, professor na aldeia M´Biguaçu, egresso da UFSC, fez seu mestrado em Antropologia Social no PPGAS e despontava no doutorado com uma brilhante carreira como antropólogo, como liderança e intelectual indígena.
Em 2020, publicamos uma entrevista com Daniel sobre seu trabalho como pesquisador, professor e a situação da sua comunidade na tempo de pandemia. Compartilhamos de novo sua entrevista como uma forma de honrarmos e continuarmos o que Daniel nos deixou:
“O vírus veio para mostrar que nós, os humanos, somos seres frágeis, e que dependemos da natureza”: entrevista com Daniel Kuaray
15/07/2020 - Por Valentina Nieto
Daniel Timoteo Martins, Kuaray “espírito do sol” como é seu nome em Guarani, mora na comunidade Guarani de Biguaçu, na Terra indígena Mbiguaçu Yyn Morontchin Wera (águas cristalinas), na região da grande Florianópolis, em Santa Catarina. Daniel recentemente se graduou do curso da Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com um belo trabalho sobre memória e plantas medicinais na sua comunidade. Ele trabalha na sua aldeia como professor da escola local há 7 anos.
Conversei com ele sobre seu trabalho como pesquisador, professor e a situação da sua comunidade neste tempo de quarentena pela Covid-19.
Valentina: Fala sobre teu trabalho de conclusão do curso (TCC) e tua experiência como pesquisador.
Daniel: Meu TCC “Moã Ka’Aguy Regua – Tekoa Mbiguaçu: As memórias das plantas medicinais” (https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/204722) trata sobre os saberes tradicionais de minha família e de minha comunidade sobre as plantas medicinais Guarani, pois estas são um dos fundamentos principais para a educação corporal Guarani, fazendo parte das narrativas de criação de mundo e do reconhecimento do território tradicional. Primeiro apresento o histórico de minha família, a caminhada dos meus antepassados até esta comunidade e trago a visão da educação Guarani sobre o corpo, entendido também como território e a comunidade como um corpo só. Apresento as plantas com as quais minha família tem trabalhado e vou relacionando estes saberes com a educação, a espiritualidade, a música, o corpo e o artesanato. Eu trago tudo isto através da memória, como uma forma de resistência de nosso povo.
Valentina: Como surgiu a ideia de fazer essa pesquisa?
Daniel: A ideia de fazer esta pesquisa surgiu como uma homenagem à minha mãe, que sempre trabalhou com ervas medicinais, na prevenção e no tratamento de algumas doenças do corpo, do espírito e da mente. As memórias de nossos anciãos estão indo. Então nós, os jovens, devemos registrar nossos olhares como indígenas. Porque aqui na comunidade temos especialistas anciãos em várias áreas diferentes. Alguns entendem de arte, de cura, de artesanato e outros, como minha família, têm esse saber sobre as plantas medicinais. Eles ensinam isso no dia a dia, de forma oral, como antigamente, porém hoje em dia estamos nos transformando para a escrita. Então fiz isto em homenagem aos anciãos Guarani que já passaram esse conhecimento.
Minha ideia era trazer a memória de meus ancestrais tanto para os indígenas Guarani, como forma de registro histórico, e para trazer discussões sobre plantas no nosso território. Também, para dar a conhecer esses saberes a pessoas de outras culturas. Para mim, isto foi uma forma de retribuir à minha comunidade e à minha família.
Valentina: Fala sobre tua participação na cartilha “Práticas terapêuticas para a qualidade de vida física, mental e espiritual – Fortalecendo a imunidade”.
Daniel: Elis Nascimento, doutoranda no PPGAS, também pesquisadora vinculada ao IBP e amiga, me propôs escrever a cartilha sobre o olhar indígena das formas de prevenção. Eu fiz um texto mais simples, mas este ano foi publicado pela Prefeitura de Florianópolis e o SUS [Sistema Único de Saúde]. A cartilha reúne práticas de autoatenção desde a cosmovisão Guarani: limpeza do corpo e do espírito; beber muita água e chás; respeitar a vida de cada ser; pedir autorização e proteção; e a importância do canto e da dança no processo de cura. Também traz informação sobre a fitoterapia indígena Guarani.
A parte da cartilha com a Cosmovisão Guarani está disponível em: https://licenciaturaindigena.paginas.ufsc.br/files/2020/05/Pra%CC%81ticas-terape%CC%82uticas-para-a-qualidade-de-vida-fi%CC%81sica-mental-e-espiritual-fortalecendo-a-imunidade.pdf)
Valentina: Como a pandemia está afetando a vida na tua comunidade?
Daniel: Esse vírus veio para colocar medo em todos nós. Para nós essas memórias de sofrimento estão ainda presentes. Os mais velhos, desde muitos anos, vinham nos contando sobre as experiências dolorosas com outros tipos de epidemias, como gripes, sarampo. Várias outras doenças que mataram muitos parentes. Eles diziam que pessoas vinham e traziam roupas, colchões, coisas que estavam contaminadas.
Os velhos também nos falavam de um evento que iria chegar para mudar o mundo Guarani. Eles tinham sonhos sobre as grandes mudanças do mundo e nos contavam as histórias sobre o final dos tempos. Segundo eles, esse acontecimento irá nos unir, pois estávamos perdendo o contato com o divino, com essa espiritualidade Guarani. Assim, a gente já estava se preparando espiritualmente.
Mas quando o vírus chega, nós, os mais jovens, ficamos muito assustados, porque vimos que nossos velhos tinham razão. Então, quando o vírus passou a matar pessoas e a chegar perto de todos os povos, a gente começou a se preocupar com as crianças, com os mais novos, com os alunos. Os mais jovens são os que estão com mais medo, pois eles têm mais acesso às novas tecnologias e, assim, a mais informação, e as crianças já estão notando esse medo. Essa preocupação é muito forte! Isso que estamos vendo nos assusta, pois você vê muitos seres humanos morrendo e a gente se coloca no lugar do outro. Esse vírus não é só uma doença do corpo, é também uma doença espiritual, pois todo mundo está sofrendo com essa preocupação. Aqui, está cada um na sua casa, conversando com os vizinhos, e tendo o ritmo do cuidado Guarani do corpo e do espírito. Meus alunos estão fazendo pesquisa sobre isso.
Valentina: Quais medidas estão tomando para se cuidar?
Daniel: Primeiro, como todo mundo, deu um choque. Mas agora estamos vendo como viver nessa pandemia, porque não atacou só a gente, vai atacar a todo mundo. Como vivemos perto de cidades, temos que nos cuidar mais, pois já vimos que em aldeias perto de São Paulo há pessoas contaminadas. Então, nós evitamos sair para visitar os parentes, para não contaminar eles. Também fazemos mutirão de plantio, de limpeza das árvores frutíferas. Trabalhamos o máximo possível para não parar. Comemos da nossa própria roça, tomamos bastante chá para fortalecer o corpo e a saúde. Isso ajuda bastante.
As medidas de prevenção, desde a visão Guarani, são a limpeza espiritual e corporal. Tomar banho de várias ervas. Desde antes da pandemia, já tomávamos banho de ervas para limpar as energias, nos purificar desses males, pois existem vários tipos de energias diferentes. Também é importante para manter a relação com a natureza. Plantas medicinais fazem bem à saúde.
Esses são rituais que fazemos diariamente. Hoje vi um jovem que veio na escola e estava pegando uma planta para fazer limpeza do corpo. Há plantas medicinais espalhadas por toda a comunidade e têm pessoas que não sabem, mas há outros que sabem em outra comunidade e mandam a receita para nós. A tecnologia tem nos ajudado muito com essas trocas de conhecimentos, pois não podemos nos automedicar. Assim, entre várias comunidades, estamos trocando informação e produzindo materiais. Eu fiz a cartilha que falei antes.
Também estamos recebendo doação através da SESAI [Secretaria Especial de Saúde Indígena, responsável pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena] e através de parceiros, pois agora não podemos contar com a venda dos artesanatos, que era o que ajudava a manter a economia. Há uma rede de pessoas que estão ajudando para que isso seja possível. E isso é bastante importante.
Nas cozinhas comunitárias estamos retomando com todos os cuidados de prevenção, higienizando tudo. Almoçamos juntos e tomamos cafés alguns dias, pois manter essa interação é muito importante.
Os mais velhos estão fortalecendo a gente.
Essa doença veio para que a gente aprenda como ser humano. Nós achamos que somos os donos do mundo, que temos o poder de mudar tudo, mas o vírus veio para mostrar que nós, os humanos, somos seres frágeis, e que dependemos da natureza.
Valentina: Quais são as maiores dificuldades agora?
Daniel: Há uma dificuldade para que as pessoas não saiam a visitar seus parentes, pois sempre existiu uma grande mobilidade entre as aldeias. Tinha os jogos Guarani, e algumas cerimônias que sempre fazíamos. Agora estamos fazendo internamente, porque é necessário manter a distância entre as aldeias. Como se fosse um corpo, se um adoece, toda a comunidade adoece, mesmo espiritualmente, e isso é importante.
Nós, os povos indígenas, estamos sofrendo muito com esse vírus. Mas além disso, estamos tentando defender nossas terras. Agora começaram as queimadas, e a gente não sabe se essas queimadas das nossas matas são criminosas.
Nós vamos lutar até o fim pra manter nossos costumes, nossa tradição, para manter nossa terra sadia, com nossas crianças felizes e guerreiras.
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Homenagem a Alcindo Wherá Tupã, liderança espiritual guarani
Publicado em 17/09/2024 às 15:36Nesse final de semana, Alcindo Wherá Tupã, grande liderança espiritual guarani, se encantou e fez sua passagem para a Terra sem Males. Alcindo e sua companheira a cunha karaí Rosa Poty Djá (que também já fez sua passagem há alguns anos) foram amplamente conhecidos e respeitados na rede das aldeias guarani do sul e sudeste do Brasil como curadores e líderes espirituais dotados de grandes poderes e conhecimento. Nascidos na década de 1920, passaram grande parte de sua vida adulta mudando de um lugar para outro, convivendo com o aumento da ocupação não-indígena no território tradicional guarani e a violência que resultou desse processo.
Eles chegaram em Santa Catarina no final dos anos 1980 em uma migração inspirada por sonhos xamânicos e se fixaram por várias décadas na aldeia Yynn Moroti Wherá ou M’Biguaçu (Biguaçu, Santa Catarina) com o sonho de voltar a viver de acordo com o nhandereko, o modo de ser guarani. As características pessoais desse casal de anciões e sua busca pelo modo de vida guarani, bem como sua preocupação com a revitalização cultural, se expressaram em uma série de iniciativas criativas empreendidas em áreas como saúde, educação e xamanismo. A reocupação da aldeia de M’Biguaçu por esta família extensa coincidiu com um processo de valorização da tradição que começou a se intensificar nos anos 1990 e teve como alguns de seus marcos a construção de uma nova opy (casa de reza), a edificação da primeira escola bilingue dentro da Terra Indígena, a retomada dos rituais noturnos de reza, canto e dança na casa de reza, a formação da rede da Aliança das Medicinas e a fundação da Igreja Nativa Tata Endy Rekowe, reacendendo o Fogo Sagrado.
Alcindo e Rosa foram responsáveis também por formar novas gerações de lideranças espirituais e políticas entre os Guarani, que hoje estão atuando em diferentes frentes, nas aldeias, em órgãos governamentais e na universidade, entre outros múltiplos espaços. Eles se foram em matéria, mas deixaram uma série de sementes, ensinamentos e exemplos para nos ajudar a adiar o fim do mundo.
O Núcleo de Estudos de Saberes e Saúde Indígena (NESSI/UFSC) e o Instituto Brasil Plural se solidarizam com a família e a comunidade pela sua perda.