Novidade editorial: Do Sopro ao afeto: Corpos Kõkãmou na experiência xamânica.

22/08/2022 16:37

Livro de Luiz Davi Vieira Gonçalves (Teatro UEA), pesquisador do INCT Brasil Plural. Tanto a pesquisa, como o livro contaram com o apoio do INCT Brasil Plural.

O título do livro de Luiz Davi Vieira Gonçalves sinaliza um percurso: Do sopro ao afeto: corpos kõkãmou na experiência xamânica. Em cosmologias Yanomami, o sopro é a alma, o princípio vital que os humanos compartilham com todo ser vivo e inanimado. Todos os seres têm alma. No fundo, humanos e não humanos somos todos humanos. Considerando que este, precisamente, é o significado da palavra yanomami — “humanos” —, somos todos yanomami.
Se o sopro, ou alma, é comum a todos os seres, os corpos diferenciam. Como feixes de afetos e capacidades, os corpos são feitos, moldados, construídos. Em cada corpo, um ponto de vista — ou, como gosto de pensar, um lugar olhado (sentido e vivido) das coisas. Na experiência xamânica, corpos se transformam, e se multiplicam. Proliferam multiplicidades. Diversos, inúmeros, emergentes — os corpos se apresentam. E se reúnem. Corpos kõkãmou — “juntos”.
Em sua conhecida parábola sobre a conquista da América, Claude Lévi-Strauss narra um episódio: nas Antilhas, enquanto os espanhóis enviavam comissões de inquérito para saber se os ameríndios tinham alma ou não, estes submergiam prisioneiros brancos, em prolongados e cuidadosos experimentos, para verificar se os seus cadáveres apodreciam ou não. Na interpretação (ou epifania) de Eduardo Viveiros de Castro, esta anedota não apenas revela a força do etnocentrismo — o favorecimento da própria humanidade às custas da humanidade do outro —, mas, também, a diferença de perspectivas. Para os espanhóis, a dimensão marcada era a alma; para os ameríndios, o corpo. Os europeus nunca duvidaram de que os índios tivessem corpos — os animais também os têm. Os índios, por sua vez, nunca duvidaram que os brancos tivessem almas — os animais, as plantas, e os espectros dos mortos também as têm.
Em sua pesquisa, Luiz segue um percurso ameríndio. Do sopro ao afeto, da alma ao corpo. O pesquisador se atira em uma experiência xamânica. O seu corpo é engendrado. E, com ele, um saber.

– John C. Dawsey
Antropologia/USP

Novidade editorial: Diálogos contemporâneos sobre corpo(s) Sujeito(s) e Saúde. Perspectivas Cruzadas.

22/08/2022 15:19

É com alegria que compartilhamos a obra “Diálogos contemporâneos sobre Corpo(s), Sujeito(s) e Saúde: perspectivas cruzadas”, organizada pelo pesquisador Esmael Oliveira (PPGAnt/PPGPsi-UFGD). Prefaciada pela antropóloga Ceres Víctora (PPGAS/UFRGS), a coletânea conta com importantes contribuições de pesquisadoras e pesquisadores de diferentes Universidades brasileiras e pertencentes às diferentes  áreas das Ciências Humanas e Sociais. Entre estes participam pesquisadores das redes do Instituto Brasil Plural: Marcos Aurélio da Silva (PPGAS/UFMT), Ari Ghiggi Jr (PPGAS/UFSC) e Rui Massato Harayama (Instituto de Saúde Coletiva/Ufopa).
A obra pode ser acessada gratuitamente através do site da editora Segundo Selo: https://bit.ly/3QAYGBP

Curso de Extensão “La Paz no tiene trégua”

19/08/2022 09:06

Inscrições abertas: DIPLOMADO LA PAZ NO TIENE TREGUA, UNAL, Sede Amazonia.

Pesquisadora do INCT Brasil Plural participa na organização do Curso de Extensão “La Paz no tiene trégua”, oferecido pela Universidad Nacional de Colombia Sede Amazonia. O curso visa gerar a leitura e conhecimento do relatório final da “Comisión de la Verdad”, bem como estimular a reflexão crítica sobre as constatações e recomendações produzidas nas diversas áreas que o CEV contemplou para a compreensão do conflito armado colombiano.

É oferecido a alunos de graduação e pós-graduação, e a todos os interessados ​​em conhecer o conteúdo do relatório do CEV. O curso de extensão é resultado do trabalho colaborativo de diversos grupos e organizações que se preocupam em pensar a paz a partir de uma perspectiva histórica e regional.

O curso será realizado de forma híbrida (presencial e virtual simultaneamente) a partir da sede Amazônia da Universidade Nacional da Colômbia. Contempla a realização de 14 sessões: 1 sessão de abertura, 10 sessões de conteúdos, 2 sessões de trabalho dos alunos e 1 sessão de encerramento. O horário do curso de diploma é sexta-feira das 9:00 às 12:00 AM (horário colombiano)

As primeiras sessões têm um carácter mais descritivo e de contextualização do relatório, da sua composição escrita e multimédia. As sessões seguintes têm um caráter mais analítico e reflexivo do relatório com a participação de especialistas, vítimas e participantes.

Pode consultar o site da Comisión de la Verdad em: https://www.comisiondelaverdad.co/

E os volumes do relatório em:  https://www.comisiondelaverdad.co/hay-futuro-si-hay-verdad 

Será concedido certificado de participação. Para que o curso de diploma seja certificado, 75% das sessões devem ser atendidas.

Inscreva-se aqui: https://forms.office.com/pages/responsepage.aspx?id=jQBxVG8P9UaCHIovftcKzy63VyZ5HAlNshZcBmnwu35UQzhITDk2MDJaMk5KOTZOT0UzME1JWUNNWS4u

Transmissão: https://www.youtube.com/channel/UC6Lx2rpEXUYn-lgLov_DlXQ

 

 

Tese orientada por pesquisador do IBP entre as 15 finalistas do concurso ANPOCS 2022

17/08/2022 12:23

É com grande alegria que comunicamos que a tese de Patrícia Postali Cruz intitulada “Entre lavouras, abelhas e humanos: uma etnografia sobre práticas e ritmos na agricultura na região de Pelotas, Rio Grande do Sul ” orientada pelo professor Rafael Victorino Devos, defendida em 2021, foi selecionada entre os 15 finalistas na categoria doutorado o Concurso Brasileiro ANPOCS de Teses e Dissertações em Ciências Sociais do ano de 2022.

A tese de Patrícia Postali Cruz foi recomendada à premiação pois apresenta contribuição metodológica e teórica relevante para os campos da antropologia da técnica e da antropologia da paisagem, e para abordagens das relações multiespécies. É uma etnografia muito bem elaborada com agricultores no sul do Brasil, com os quais a autora participou ativamente de suas práticas de cultivo e venda de plantas e animais. Destaca-se, em sua tese, o desenvolvimento de uma análise sobre os cultivos de feijão e sobre o trato com abelhas como modos indiretos de manejo da paisagem, seja pelo enriquecimento do solo, seja pela polinização como estratégicos nos policultivos de pequenos agricultores e nas suas lutas pela permanência no território que habitam. Como método de pesquisa a tese se vale da produção de imagens fotográficas e audiovisuais como modo de engajamento nas relações multiespécies, acoplando uma câmera de ação aos objetos técnicos dos agricultores (caixas de abelhas, arados de tração animal) e também acompanhando a lida no campo de perto, que resultaram em várias pranchas fotográficas que permeiam os capítulos do trabalho, assim como uma exposição fotográfica feita de forma compartilhada com os agricultores e um documentário etnográfico, “EntreSeres” que é também um capítulo do trabalho. A tese faz ainda uma revisão bibliográfica primorosa, aproximando o campo de estudos das relações multiespécies ao campo da antropologia da técnica, pela via tanto das discussões sobre paisagem, quanto sobre os modos de vida no campo no Brasil, trazendo nova luz sobre questões clássicas da chamada antropologia rural.

Mesa redonda da Rede AntropoCovid

11/08/2022 12:21

Mesa redonda da Rede AntropoCovid. O tema será “Ciência e Covid-19” e ocorrerá no dia 18 de agosto, quinta-feira, às 16h, de forma online e gratuita!

Contaremos com falas das pesquisadoras Ana Maria G. do Nascimento (UFPB), Thais Moreira Valim (UnB) e Sônia Weidner Maluf (UFSC).
A mesa está sendo organizada por Ednalva Neves (UFPB) e Soraya Fleischer (UnB).

Disponibilizaremos o link para participação alguns dias antes da mesa.

Contamos com a participação de todes!

Novo dossiê: “As dimensões sociais da pandemia de COVID 19 na América Latina”

05/08/2022 12:09

O dossiê apresenta abordagens sobre as dimensões socioculturais, políticas e econômicas da pandemia da Covid-19 nas sociedades latino-americanas e entende a doença como experiências situadas localmente. Trata, ainda, das estratégias nacionais, regionais e locais mobilizadas para enfrentar os múltiplos desafios postos pela pandemia da Covid-19 e das transformações na vida cotidiana de grupos sociais diversos (idosos, professores, profissionais de saúde, grupos étnicos, entre outros) e traz reflexões éticas sobre os direitos humanos e sobre as tensões entre a liberdade individual e a saúde pública, tanto no âmbito continental, quanto dentro das singularidades locais.

O editorial “As dimensões sociais da pandemia de Covid-19 no contexto latino-americano”, assinado por Granada (UFSC), Grisotti (UFSC) e Mariana Leoni Birriel (Universidad de la Republica – UDELAR, Uruguai), retoma as rupturas causadas por pandemias no sistema social e suas consequências e impactos na América Latina. O texto pode ser lido em https://www.revistadelcesla.com/index.php/revistadelcesla/article/view/784/588.

O dossiê “As dimensões sociais da pandemia de COVID 19 na América Latina” está disponível em https://www.revistadelcesla.com/index.php/revistadelcesla/issue/view/30.