Seminário “Conversas Etnográficas: reflexões sobre cura, mediunidade e performance”.

14/10/2022 10:45

O INCT Brasil Plural (Cnpq/FAPESC) e o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS/UFSC) convidam para o Seminário Conversas Etnográficas: reflexões sobre cura, mediunidade e performance, que acontecerá entre os dias 25, 26 e 27 de outubro de 2022 no Auditório do Bloco E/ CFH/UFSC.

Organizadores: Esther Jean Langdon, Fernando Ciello, Frederico Romanoff, Sabrina del Sarto e Vânia Z. Cardoso

 

CONVERSAS ETNOGRÁFICAS: REFLEXÕES SOBRE CURA, MEDIUNIDADE E PERFORMANCE 

25-27 de outubro de 2022

Auditório de Bloco E
CFH/UFSC

Se deseja assistir solicite o link virtual no email:

 

Abertura: Esther Jean Langdon

 

Performance do (não)visível  – Dia 25/10/22 14-18hs

Resumo: Neste seminário, estendemos o diálogo entre performance e antropologia que atravessa os dois primeiros seminários a outras possíveis articulações.  Vária/os autore/as vêm destacando o potencial de fabulação da antropologia, levando-nos a uma renovada atenção aos afetos, ao jogo de gestos, palavras e histórias, e à composição de sensibilidades implicados tanto no campo etnográfico, quanto em nossas próprias escritas.  É a partir dessas provocações, conjugadas a uma crítica sobre os limites das próprias concepções de “religiosidades” e “espiritualidades”, que aqui nos interessa pôr em diálogo reflexões etnográficas em que entram em cena múltiplas experiências com o tangível e o não-tangível, ou o jogo tenso da própria produção de fronteiras entre o visível e o não-visível, ou ainda em que estejam em relevo as diversas e múltiplas relações entre a presença encorporada de entidades, em suas diversas e contrastantes acepções, e seus aspectos intangíveis.

 

Coordenador: Fernando Ciello

Alberto Groisman – Cosmofobias: notas sobre esta, e outras fobias etnográficas
Bruno Bruno Reinhardt – O dado e o feito na oratória pentecostal
Isabel de Rose – Saberes e fazeres do povo de axé na universidade
Jean Langdon – O Outro Lado e os Cuidados do Território: Uma narrativa sobre a visão xamânica
Vânia Zikan Cardoso – Caminhos do Padê: o acontecer das coisas entre gestos e palavras

Performance, Ayahuasca e Cura – Dia 26/10/22 – 14hs-18hs

Resumo: Este seminário busca acolher trabalhos que versem sobre o tema da cura através das plantas medicinais, notadamente a ayahuasca e o rapé. Nos últimos anos pôde-se testemunhar o avanço da literatura sobre o tema, revelando-nos uma expressividade de trabalhos que contemplam tanto as chamadas manifestações tradicionais de cura, através, por exemplo, do xamanismo ameríndio (Langdon), quanto as novas tecnologias de cura desenvolvida no âmbito das transformações sociais do final do séc. XX, o chamado campo neo-ayahuasqueiro, xamanismo urbano ou ainda nova era (Labate). Levando em consideração a literatura citada e as configurações de cura que elas revelam, este seminário incentiva a apresentação de trabalhos que versem sobre a relação entre performance, plantas medicinais e o processo de cura. Interessa-nos aqui reconhecer as especificidades entre diferentes sistemas etnomédicos e como se dá a sua operacionalização. Diferentemente do que o paradigma biomédico tenta induzir, os parâmetros de cura e doença não parecem ser apenas individuais e biológicos, senão que dependem de processos sociais para se configurarem. Dentro dessa perspectiva, gostaríamos de propor uma conversa a fim de que es participantes do seminários possam falar sobre as suas atuais pesquisas em andamento que dialoguem com o processo de cura através de plantas medicinais. Focando a sua apresentação em como se configura esse processo dentro do seu campo de pesquisa, qual a relação ou diferenças com o paradigma biomédico e quais fundamentos fenomenológicos poderiam ser levantados para entender a configuração dos sistemas etnomédicos não-ocidentais (tradicionais ou alternativos) abordados. Valoriza-se ainda a apresentação de elementos de pesquisa que tratem da relação entre o processo de cura com determinados elementos do campo de pesquisa, tais como a arte, o canto, os artefatos, a dança, a performance, entre outros.

 

Coordenador: Esther Jean Langdon

Luis Eduardo Luna – Reflexões sobre o conceito de plantas mestres e o animismo amazónico
Frederico Romanoff – O processo de cura na Arca da Montanha Azul: relação entre substâncias, performance e comunidade
Michael Winkelman – Terapias com Ayahuasca em Perspectivas Comparativas: Efeitos Tecnologicos e Biológicos

Marcelo Mercante – Imaginação e performance: o uso da ayahuasca no tratamento da dependência

Religião, espiritismo, saúde mental e etnografia – Dia 27/10/22 – 14hs-18hs

Resumo: Neste seminário, buscamos reunir reflexões que abordem práticas, religiosidades e discursos no campo da saúde e da saúde mental. A proposta comporta, de certa maneira, abordagens das práticas de autoatenção, instituições de saúde, cuidado, itinerários, espiritualidade, terapias alternativas, cura, performance e encarnação, emaranhados na Antropologia da Saúde, na Psiquiatria Trans/Cultural, na Teoria Ritual e na Antropologia da Religião. Visamos um amplo diálogo sobre as diversas e interdisciplinares práticas de saúde, uma vez que vemos como indispensável, para a compreensão antropológica das múltiplas experiências, o estudo da saúde mental e das práticas de cuidado nesta área. Interessa-nos, principalmente, experiências etnográficas que versem sobre essas temáticas e dialoguem com fragmentos de processos subjetivos.

Coordenador: Vania Z. Cardoso

Sabrina del Sarto – Escassez das Múltiplas Possibilidades Cotidianas e as Raras Resistências Veladas: Reflexões de uma Etnografia de Hospital
Fernando Ciello – (Não-)lugares do espírito: antropologia dos desencontros entre tratamento psiquiátrico e espiritismo
Helmar Kurz – As Politica e Estética de Cuidado: Aflição crônica e a cura espiritual no Kardecismo brasileiro.

Encerramento: Esther Jean Langdon e Vania Z. Cardoso

 

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INCT Brasil Plural apoia vinda da professora Anna Tsing ao Brasil para participar da VII ReACT

02/05/2019 12:16

Na próxima segunda-feira, 6/5, a professora Anna Tsing fará a palestra “Viver nas Ruínas: paisagens multiespécies no antropoceno” na UFSC. O evento ocorrerá das 15 às 18 horas, auditório do CFH, e é aberta ao público acadêmico.

 

Anna Lowenhaupt Tsing é professora na Universidade de California Santa Cruz e veio ao Brasil, com o apoio do IBP, para participar da VII Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia que acontecerá na UFSC, de 7 a 10 de maio.

Outras informações sobre a VII ReACT estão disponíveis em https://www.doity.com.br/viireact

 

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UFMT promove colóquio interdisciplinar sobre direitos dos povos tradicionais

17/04/2019 11:34

A professora da UFMT, Sonia Regina Lourenço, também pesquisadora vinculada ao INCT Brasil Plural, participará do colóquio “Interculturalidade, Territórios e Direitos: Povos Indígenas e Quilombolas na Constituição Brasileira”. O evento acontece na terça-feira (23), a partir das 20h, no auditório da Faculdade de Direito da UFMT. Mais informações em:

http://www.ufmt.br/ufmt/site/index.php/noticia/visualizar/45814/Cuiaba

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Manifestação em defesa dos direitos dos povos indígenas:

26/03/2019 11:01

Na última semana, o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, confirmou sua intenção de dissolver a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), órgão de gestão e execução de políticas de saúde para os povos indígenas ligada diretamente ao Ministério de Saúde, e de municipalizar as políticas de saúde indígena. O anúncio, feito na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, no dia 20 de março passado, segue na contramão de avanços históricos alcançados pelo movimento indígena ao longo das últimas décadas, desconsidera uma série de posicionamentos de lideranças indígenas contra esta medida e desconsidera a Constituição Federal e a Lei n. 8080/1990 do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

A SESAI é o órgão por meio do qual o Estado se propõe a oferecer atenção diferenciada e integral à saúde dos povos indígenas, por meio do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SASI-SUS), o qual conta com 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas que buscam articular os serviços e programas do SUS com as medicinas tradicionais dos mais de 300 povos indígenas que vivem no país. A atenção diferenciada é um princípio garantido pela Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, juntamente com o direito de participação dos indígenas na formulação, acompanhamento e avaliação das políticas de saúde.

 

A incorporação da SESAI pela Secretaria de Atenção Primária (antes Secretaria de Atenção Básica), levando à municipalização da atenção à saúde indígena, é uma das reformas anunciadas para o Ministério da Saúde. Com essa mudança, a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas ficará em xeque, enfraquecendo significativamente o direito dos indígenas à atenção diferenciada e à participação social.

 

Esta medida falaciosa constitui um desrespeito aos princípios constitucionais e legais que garantem o direito à saúde dos povos indígenas no Brasil. Desde os primeiros debates nacionais sobre a necessidade de serviços com características particularizadas para este segmento da população brasileira, definiu-se que um eixo fundamental de garantia de acesso à saúde e seus serviços seria manter as instâncias decisórias em âmbito federal, de modo que os interesses contrários e disputas locais envolvendo as populações indígenas não inviabilizassem a execução de políticas públicas específicas. A dissolução da SESAI não apenas contraria o posicionamento deliberado nas etapas locais e distritais da 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena, realizadas em 2018, como também fragiliza o princípio da atenção diferenciada que norteia as políticas de saúde dirigidas aos povos indígenas, defendido desde a 1ª Conferência Nacional de Proteção à Saúde do Índio, em 1986.

 

Os pesquisadores e pesquisadoras do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Brasil Plural, bem como os professores da Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, vêm a público manifestar seu apoio aos povos indígenas do Brasil, avaliando como lamentável e catastrófica a dissolução da SESAI. Defendemos que a 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena, a ser realizada em maio próximo, seja o espaço para debater e definir quaisquer mudanças no SASI-SUS e na Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas.

 

Nenhum direito a menos!

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