
Roda de conversa ”40 anos de história: a formação do PPGAS/UFSC” com as professoras Viviane Vedana (mediadora), Jean Langdon, Carmen Rial e Sônia Maluf, em evento das Jornadas Antropológicas 2025.
Durante três dias, os estudantes de pós-graduação em Antropologia da UFSC organizaram um evento que reuniu pesquisas em andamento, exibição de produções audiovisuais e fotográficas realizadas pelos pesquisadores, debates, oficinas e mini-cursos sobre temas diversos e encontros com comunidades e com representantes do setor público. Estudantes, professores e convidados participaram de mesas redondas e rodas de conversa sobre temas diversos como as mudanças e perspectivas no mercado de trabalho para a Antropologia, pesquisas sobre direitos humanos e estudos raciais, debates sobre as fronteiras da transgeneridade e também sobre a pesca artesanal em Florianópolis.
As Jornadas Antropológicas são um evento realizado a cada dois anos e o tema principal desta edição foi ainda os 40 anos do Programa de Pós-graduação em Antropologia da UFSC. Com o título “Alinhavando tempos: entre memórias, trajetórias e perspectivas de 40 anos de PPGAS/UFSC”, a trajetória dos cursos de Mestrado e Doutorado, a criação do Programa, as mudanças na política acadêmica e na cidade foram debatidas por professores e estudantes. ‘’O objetivo é discutir uma diversidade de formações e de atuações profissionais que essa área propicia’’, explicou o professor Rafael Devos, coordenador do PPGAS/UFSC e vice-coordenador do IBP.
A mesa ‘’40 anos de histórias’’ reuniu as professoras Jean Langdon, Sônia Maluf e Carmen Rial para conversarem sobre memória, transformações e perspectivas do PPGAS e da Antropologia. A professora Jean falou sobre a vinda para Florianópolis e para a UFSC. Contou sobre o início do Curso em Antropologia e da posição de periferia que a cidade ocupava na época na atração de interessados em dar aulas na área. E falou ainda das transformações dessas últimas décadas, que levaram a um cenário muito diferente do inicial, como dezenas de interessados em cada seleção. Falou ainda sobre o que encontrou na antropologia brasileira na época. ‘’Eu encontrei um lugar muito vital e decidi sair dos Estados Unidos e ficar aqui’’, contou a professora. ”Teve o artigo do Gilberto Velho e Viveiros de Castro sobre o conceito de cultura em sociedades complexas. Um artigo tão interessante em comparação com a antropologia norte-americana. Nesse artigo eles estão sugerindo o conceito de fronteiras simbólicas’’.
A professora Carmen Rial dialogou com as memórias do curso contadas pela professora Jean e lembrou que o Programa teve durante alguns anos um projeto chamado Antropologia e Cidadania, que acontecia no Centro Integrado de Cultura e atraía pessoas de toda a cidade interessadas nos temas debatidos, que iam de parto humanizado a ocupação do espaço em Florianópolis, passando por tecnologias reprodutivas, novas configurações familiares, religiosidade e muitos outros temas que mobilizavam o debate no início dos anos 2000. ‘’Era uma Antropologia Pública que tinha eco na cidade’’, avalia a professora Carmen sobre os debates realizados e sobre o sucesso de público do projeto.
A professora Sônia Maluf parabenizou os estudantes pela realização das Jornadas e destacou o caráter solidário desse tipo de encontro que privilegia a presença e o debate. ‘’Esse espaço de debate que vocês organizaram e de solidariedade. O que está em vigor aqui é a solidariedade e não a competição e isso nos ajuda a pensar esperança dentro da Antropologia e também uma perspectiva da Antropologia da esperança, algo que aponte devires’’, disse a professora.
Sônia falou também sobre a sua trajetória no PPGAS, que iniciou como estudante de Mestrado, quando o curso ainda era de Ciências Sociais com habilitação em Antropologia. Depois ela ingressou como professora no Curso de Jornalismo e, posteriormente, passou a atuar como professora do PPGA e no Departamento de Antropologia. Contou também sobre a ligação entre a criação do IBP com o PPGAS. ‘’O IBP surgiu como um projeto do Programa (de Pós-graduação), que incluía todos os docentes do Programa’’, conta a professora sobre a relação do Brasil Plural com o PPGAS desde a origem.
O INCT Brasil Plural (IBP) participou de várias outras atividades nas Jornadas Antropológicas 2025. Professores e estudantes do IBP participaram de mesas redondas, rodas de conversa, oficinas e exposições. O professor João Rivelino Barreto esteve na mesa de encerramento ‘’De discentes a docentes, entre curvas e espirais’’. A mesa de abertura, com a presença do professor Rafael Palermo Buti, da Unilab-BA, foi apoiada pelo Instituto. Participaram da mesa de abertura ainda os professores Tereza Franzoni, da UDESC, e Ricardo Cid Fernandes, da UFPR.

Roda de conversa do primeiro dia do evento reuniu pescadores artesanais, pesquisadores e representantes de órgãos públicos.
A pesca artesanal também foi tema de uma das atividades. Os professores Rafael Devos e Caetano Sordi, do INCT Brasil Plural, e estudantes do PPGAS da UFSC, participaram do encontro com pescadores artesanais que vieram de várias regiões de Florianópolis. Seu Didi, Arantes, Sandro Garcia e Chinho vieram de localidades como as praias do Pântano do Sul, Barra da Lagoa, Ponta do Coral, Praia do Curtume. Participaram também técnicos e representantes da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), do Fórum Estadual de Pesca, da Procuradoria do Ministério Público em SC, da Superintendência Federal da Pesca e do Coletivo Tekoá Pirá. Participaram ainda as pesquisadoras Paula Zanardi, de doutorado, e Beatriz Búrigo, de pós-doutorado, ambas do IBP. Foram debatidos temas fundamentais para a preservação e o reconhecimento dos modos de vida das comunidades pesqueiras. A permanência dos ranchos de pesca e as cotas de captura da tainha foram alguns dos temas debatidos e são de grande importância para os pescadores artesanais da cidade.
Todos os dias do encontro contaram com a presença de pesquisadores do IBP. Ao longo dos três de dias de atividades, diversos outros trabalhos foram apresentados, com a exibição de audiovisuais, realização de exposições e de debates. Acompanhe as imagens do evento, com a presença de pesquisadores do INCT Brasil Plural. Mais informações podem ser acompanhadas no site das Jornadas Antropológicas e nas redes sociais do evento.

Mesa de abertura com a presença dos professores Rafael Palermo Buti (Unilab-BA), Tereza Franzoni (UDESC) e Ricardo Cid Fernandes (UFPR) com a plateia que participou da atividade.

Estudantes de pós-graduação na mesa ”Ampliando narrativas trans” nas Jornadas Antropológicas 2025

Estudantes da pós-graduação em Antropologia nas Jornadas 2025.