Mylene Mizrahi fala na UFSC sobre como narrar a periferia no Rio de Janeiro

03/12/2025 10:42

Professora Mylene Mizrahi da PUC-Rio.

A professora Mylene Mizrahi (PUC-Rio) faz uma palestra na UFSC nesta quarta, dia 3, com o tema “Como narrar a periferia do Rio de Janeiro”. A professora da PUC-Rio fala sobre a criminalização do funk e de como a cidade produz modos próprios para narrar o que é ser periférico. ‘’Sugiro assim que o Rio de Janeiro é regido por uma ‘utopia das conexões’ e que o funk carioca fornece o material para a subjetivação periférica’’. A palestra começa às 16h, no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH).

A professora faz uma análise a partir desses dois estilistas. “Me volto para os discursos verbais, visuais e sonoros de dois estilistas periféricos cariocas para propor que a moda que criam encapsula memória, parentesco, localidade e história’’, diz Mylene Mizrahi.

Mylene Mizrahi é autora de A estética funk carioca: criação e conectividade em Mr. Catra (2014) e de Figurino Funk: roupa, corpo e dança em um baile carioca (2019). Ela publicou vários artigos sobre esses temas e arte, educação e juventude, e tem atuado criticamente na discussão sobre a criminalização do funk.

A promoção da palestra da professora Mizrahi é do GESTO – Grupo de Estudos em Oralidade e Performance, ligado à rede de pesquisa do INCT Brasil Plural.

Jean Langdon vai receber título de Professora Emérita da UFSC no dia 9

01/12/2025 12:39

Professora Jean Langdon em pesquisa de campo com os Siona em Buenavista, na Colômbia.

A antropóloga Esther Jean Langdon vai receber o título de Professora Emérita da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em cerimônia marcada para o dia 9 de dezembro. Jean é professora da UFSC há mais de 40 anos e uma das fundadoras do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da universidade e do INCT Brasil Plural. Jean é referência nas pesquisas sobre saúde indígena e xamanismo. O título de Professora Emérita é uma das mais altas honrarias da universidade, concedido a docentes aposentados, por seus méritos profissionais, excelência acadêmica e por relevantes serviços prestados à instituição. A concessão do título será feita em cerimônia solene, no Centro de Eventos da universidade, que também irá comemorar os 65 anos da UFSC. Haverá transmissão ao vivo da cerimônia no link https://bit.ly/ufsc65anos.

Professora e Antropóloga Jean Langdon.

Nascida nos Estados Unidos, a professora Jean mora no Brasil desde 1983. Ela se formou em Sociologia e Antropologia no Carlton College (EUA) e fez mestrado na Universidade de Washington (EUA). Realizou pesquisa de campo sobre xamanismo e cosmologia na Colômbia entre 1970 e 1974. Com base nesta pesquisa, a antropóloga obteve o doutorado na Tulane University, nos Estados Unidos em 1974. O enfoque da sua tese de doutorado foi a relação entre cosmologia, doença e práticas cotidianas entre os indígenas Siona, da Colômbia.

Atualmente é Professora Titular na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde trabalha desde 1983. Jean Langdon coordenadora do INCT Brasil Plural de 2009, quando foi criado, a abril de 2025. Atualmente ela é coordenadora emérita e faz parte do Comitê Gestor.

Ao divulgar a honraria, a universidade destacou a atuação fundamental da professora Jean na internacionalização da UFSC e no fortalecimento das Ciências Humanas no Brasil. O site da UFSC indica entre as contribuições da antropóloga, os estudos pioneiros em xamanismo, antropologia da saúde e com povos indígenas, especialmente as populações amazônicas, como os Siona. ‘’Sua atuação no campo da saúde indígena foi decisiva para a consolidação dessa área no Brasil, influenciando tanto o meio acadêmico quanto a formulação de políticas públicas’’. Em 2022, Jean Langdon recebeu o Prêmio de Excelência Acadêmica da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS). Em 2023, a Editora da UFSC publicou o livro Uma antropologia da práxis, com textos de mais de 40 autores que celebram a obra e a trajetória da pesquisadora.

Na mesma cerimônia, os professores Rafael José de Menezes Bastos, Miriam Pillar Grossi e Luzinete Simões Minella também receberão o título de professores eméritos da UFSC. O antropólogo e professor titular da UFSC, Rafael Bastos, fez parte do IBP desde a fundação e é precursor dos estudos das músicas indígenas no Brasil. A antropóloga Miram Grossi também é professora titular da UFSC, no Departamento de Antropologia, e fundadora do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades (NIGS). Luzinete Minella é professora titular do Departamento de Sociologia e Ciência Política e do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH). Além disso, ao Padre Vilson Groh e à Dora Lúcia de Lima Bertúlio (in memoriam) serão concedidos títulos de Doutor Honoris Causa, que são destinados a personalidades eminentes, independentemente de possuírem diploma universitário, que tenham se destacado em áreas como artes, ciências, filosofia, letras, promoção da paz ou causas humanitárias.

Serviço:

O quê: Cerimônia de entrega do título de professora emérita.

Onde: Auditório Garapuvu do Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Quando: 09/12/2025, terça-feira.

Hora: 14h

‘’Antropologia e danças’’ faz aula aberta no CFH

28/11/2025 08:52

Professoras Deise Lucy Montardo e Karin Veras participaram da aula aberta da professora Silvia Loch, em novembro, e falaram da sua experiência com dança e antropologia.

A disciplina ‘Antropologias e Danças’, ministrada pela professora Silvia Loch, promoveu uma aula aberta em novembro convidando para participar as professoras, dançarinas e pesquisadoras Deise Lucy Montardo e Karin Veras. O público, de estudantes e convidados, conheceu melhor as pesquisas que elas realizaram junto aos povos Guarani e Matipu, respectivamente.

Elas também falaram um pouco sobre as pesquisas realizadas no Núcleo de Estudos Arte Cultura e Sociedade na América Latina e Caribe, o MUSA, e com o professor Rafael Bastos, fundador do núcleo. Deise Lucy Montardo e Silvia Loch são pesquisadoras do INCT Brasil Plural na rede Arte e Performance.

Professora Deise Montardo em participação na aula aberta da disciplina ‘Antropologias e Danças’.

Turma da disciplina ‘Antropologias e Danças’, da professora Silvia Loch.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

#INCTBrasilPlural #IBP #pesquisaantropologica #dancaeantropologia

Pesquisa do PPGAS é base para exposição virtual no Arquivo Histórico de Caxias do Sul

26/11/2025 12:15

Foto da década de 1940, reproduzida da exposição virtual ”Raça, arquivos e resistência”, que faz parte do acervo do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami (AHMJSA), de Caxias do Sul (RS).

A dissertação de mestrado de Éder dos Santos Braz, realizada no PPGAS da UFSC, sobre a história da presença negra na cidade de Caxias, no Rio Grande do Sul, está sendo utilizada como base para um projeto do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami (AHMJSA) . Éder pesquisou fotografias do cotidiano de pessoas negras que fazem parte do acervo do Arquivo Histórico da cidade, conhecida pela imigração italiana. O pesquisador trabalhou com a invisibilidade e com vestígios da presença negra em imagens locais preservadas na instituição. ‘’Ao fazer a pesquisa, percebi que não era um arquivo de pessoas brancas, mas sim um arquivo embranquecido’’, explica Éder. ‘’Havia diversas narrativas negras, muitas ainda em negativos fotográficos e outras sem descrições ou legendas que favorecessem o acesso. Pelo contrário, algumas legendas reforçavam o apagamento das pessoas nas imagens’’.

“Retrato de Zezé” identifica a foto que faz parte do acervo do AHMJSA e da exposição virtual sobre a história da presença negra no Rio Grande do Sul.

A partir dessas reflexões e utilizando trechos da dissertação de Éder Braz, o próprio Arquivo Histórico de Caxias, em parceria com o Núcleo Qualificar a Educação para as Relações Étnico-Raciais da Secretaria Municipal da Educação (QuERER/SMED) e o Conselho Municipal da Comunidade Negra de Caxias do Sul (COMUNE), montou o projeto ‘’Raça, arquivos e resistência’’, no formato de uma exposição virtual permanente. Foram reunidas imagens dessa presença negra, que fazem parte do acervo da instituição, em uma exibição virtual que apresenta e debate histórias e imagens.

Além de proporcionar esse conhecimento e realizar o debate com os visitantes, a ideia é tratar da importância de que acervos e arquivos evidenciem as memórias da população negra e a produção de narrativas livres de estigmas racistas historicamente construídos. ‘’A mostra propõe o compartilhamento de documentos recatalogados que partem da preservação e da pesquisa de memórias negras e avançam para práticas de educação, difusão e produção artística, na luta por um futuro antirracista”, explica a diretora do AHMJSA, Catiuscia Xavier. A equipe do Arquivo Histórico promete constante atualização da exposição com mais itens ‘’à medida em que os acervos sejam descritos e normatizados’’.

Éder defendeu a dissertação de mestrado em 2025 com o título “Trajetórias de famílias negras da cidade de Caxias do Sul: encontros a partir de fotografias de acervo e objetos de afeto”. O pesquisador conta que havia um debate inicial na instituição pela busca de narrativas não brancas. ‘’A pesquisa contribuiu para amplificar e tensionar essa mudança, que já deveria ter acontecido há anos’’, reflete o pesquisador. ‘’Como disse meu orientador, as pesquisas movimentam essas mudanças”. A dissertação de Eder foi orientada no PPGAS/UFSC pelo professor Rafael Devos, vice-coordenador do INCT Brasil Plural, e teve apoio do Instituto para a realização da pesquisa de campo. ”A exposição é a confirmação de que conseguimos alcançar o objetivo de sensibilizar a instituição’’, diz o agora mestre, Eder Braz. ‘’O fato de eu ter feito a pesquisa no Arquivo, passado alguns dias buscando fotografias negras nos acervos da instituição, conversando com os servidores, e depois a dissertação ter sido concluída, acredito tudo isso colaborou para que repensassem o próprio acervo”.

Serviço:

A exposição virtual ‘’Raça, arquivos e resistência’’ foi lançada em 19 de novembro e pode ser acessada no site do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami (AHMJSA).

📸 As imagens publicadas são do acervo do AHMJSA e fazem parte da exposição virtual.

Foto do acervo do AHMJSA, identificada como ”Festa de Natal de todos os setores da Comissão Municipal de Amparo à Infância [COMAI]”, de Caixas do Sul, com data de 1968.

Foto do acervo do AHMJSA e da exposição virtual “Raça, arquivos e resistência”, sem identificação.

Livro reúne artigos e celebra os 80 anos do antropólogo e professor Rafael Bastos

24/11/2025 12:01

Professor Rafael Bastos lança o livro ”Ritual, Arte e Política entre os povos indígenas na América do Sul”.

Será lançado esta semana, no CFH, o livro que celebra os 80 anos do antropólogo e professor Rafael Bastos. O pesquisador, que estará presente ao lançamento, é precursor dos estudos das músicas indígenas no Brasil e integrou o IBP desde a sua fundação. ‘’Ritual, Arte e Política entre os povos indígenas da América do Sul’’ reúne textos de referência do antropólogo, publicados em diferentes obras ao longo da carreira. São artigos importantes, até agora dispersos em numerosas publicações, a respeito das expressões e políticas dos povos ameríndios.

O livro é composto por quatro blocos temáticos: Ritual, xamanismo e percepção; Música indígena como ação política; Alto Xingu, território indígena; Outras escutas da música indígena no Brasil. O lançamento acontece nesta sexta, dia 28, às 18h30, no auditório do Bloco E (anexo) do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC.

Evento rememora trajetória de 40 anos da Antropologia da UFSC e debate pesquisas

18/11/2025 10:39

Roda de conversa ”40 anos de história: a formação do PPGAS/UFSC” com as professoras Viviane Vedana (mediadora), Jean Langdon, Carmen Rial e Sônia Maluf, em evento das Jornadas Antropológicas 2025.

Durante três dias, os estudantes de pós-graduação em Antropologia da UFSC organizaram um evento que reuniu pesquisas em andamento, exibição de produções audiovisuais e fotográficas realizadas pelos pesquisadores, debates, oficinas e mini-cursos sobre temas diversos e encontros com comunidades e com representantes do setor público. Estudantes, professores e convidados participaram de mesas redondas e rodas de conversa sobre temas diversos como as mudanças e perspectivas no mercado de trabalho para a Antropologia, pesquisas sobre direitos humanos e estudos raciais, debates sobre as fronteiras da transgeneridade e também sobre a pesca artesanal em Florianópolis.

As Jornadas Antropológicas são um evento realizado a cada dois anos e o tema principal desta edição foi ainda os 40 anos do Programa de Pós-graduação em Antropologia da UFSC. Com o título “Alinhavando tempos: entre memórias, trajetórias e perspectivas de 40 anos de PPGAS/UFSC”, a trajetória dos cursos de Mestrado e Doutorado, a criação do Programa, as mudanças na política acadêmica e na cidade foram debatidas por professores e estudantes. ‘’O objetivo é discutir uma diversidade de formações e de atuações profissionais que essa área propicia’’, explicou o professor Rafael Devos, coordenador do PPGAS/UFSC e vice-coordenador do IBP.

A mesa ‘’40 anos de histórias’’ reuniu as professoras Jean Langdon, Sônia Maluf e Carmen Rial para conversarem sobre memória, transformações e perspectivas do PPGAS e da Antropologia. A professora Jean falou sobre a vinda para Florianópolis e para a UFSC. Contou sobre o início do Curso em Antropologia e da posição de periferia que a cidade ocupava na época na atração de interessados em dar aulas na área. E falou ainda das transformações dessas últimas décadas, que levaram a um cenário muito diferente do inicial, como dezenas de interessados em cada seleção. Falou ainda sobre o que encontrou na antropologia brasileira na época. ‘’Eu encontrei um lugar muito vital e decidi sair dos Estados Unidos e ficar aqui’’, contou a professora. ”Teve o artigo do Gilberto Velho e Viveiros de Castro sobre o conceito de cultura em sociedades complexas. Um artigo tão interessante em comparação com a antropologia norte-americana. Nesse artigo eles estão sugerindo o conceito de fronteiras simbólicas’’.

A professora Carmen Rial dialogou com as memórias do curso contadas pela professora Jean e lembrou que o Programa teve durante alguns anos um projeto chamado Antropologia e Cidadania, que acontecia no Centro Integrado de Cultura e atraía pessoas de toda a cidade interessadas nos temas debatidos, que iam de parto humanizado a ocupação do espaço em Florianópolis, passando por tecnologias reprodutivas, novas configurações familiares, religiosidade e muitos outros temas que mobilizavam o debate no início dos anos 2000. ‘’Era uma Antropologia Pública que tinha eco na cidade’’, avalia a professora Carmen sobre os debates realizados e sobre o sucesso de público do projeto.

A professora Sônia Maluf parabenizou os estudantes pela realização das Jornadas e destacou o caráter solidário desse tipo de encontro que privilegia a presença e o debate. ‘’Esse espaço de debate que vocês organizaram e de solidariedade. O que está em vigor aqui é a solidariedade e não a competição e isso nos ajuda a pensar esperança dentro da Antropologia e também uma perspectiva da Antropologia da esperança, algo que aponte devires’’, disse a professora.

Sônia falou também sobre a sua trajetória no PPGAS, que iniciou como estudante de Mestrado, quando o curso ainda era de Ciências Sociais com habilitação em Antropologia. Depois ela ingressou como professora no Curso de Jornalismo e, posteriormente, passou a atuar como professora do PPGA e no Departamento de Antropologia. Contou também sobre a ligação entre a criação do IBP com o PPGAS. ‘’O IBP surgiu como um projeto do Programa (de Pós-graduação), que incluía todos os docentes do Programa’’, conta a professora sobre a relação do Brasil Plural com o PPGAS desde a origem.

O INCT Brasil Plural (IBP) participou de várias outras atividades nas Jornadas Antropológicas 2025. Professores e estudantes do IBP participaram de mesas redondas, rodas de conversa, oficinas e exposições. O professor João Rivelino Barreto esteve na mesa de encerramento ‘’De discentes a docentes, entre curvas e espirais’’. A mesa de abertura, com a presença do professor Rafael Palermo Buti, da Unilab-BA, foi apoiada pelo Instituto. Participaram da mesa de abertura ainda os professores Tereza Franzoni, da UDESC, e Ricardo Cid Fernandes, da UFPR.

Roda de conversa do primeiro dia do evento reuniu pescadores artesanais, pesquisadores e representantes de órgãos públicos.

A pesca artesanal também foi tema de uma das atividades. Os professores Rafael Devos e Caetano Sordi, do INCT Brasil Plural, e estudantes do PPGAS da UFSC, participaram do encontro com pescadores artesanais que vieram de várias regiões de Florianópolis. Seu Didi, Arantes, Sandro Garcia e Chinho vieram de localidades como as praias do Pântano do Sul, Barra da Lagoa, Ponta do Coral, Praia do Curtume. Participaram também técnicos e representantes da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), do Fórum Estadual de Pesca, da Procuradoria do Ministério Público em SC, da Superintendência Federal da Pesca e do Coletivo Tekoá Pirá. Participaram ainda as pesquisadoras Paula Zanardi, de doutorado, e Beatriz Búrigo, de pós-doutorado, ambas do IBP. Foram debatidos temas fundamentais para a preservação e o reconhecimento dos modos de vida das comunidades pesqueiras. A permanência dos ranchos de pesca e as cotas de captura da tainha foram alguns dos temas debatidos e são de grande importância para os pescadores artesanais da cidade.

Todos os dias do encontro contaram com a presença de pesquisadores do IBP. Ao longo dos três de dias de atividades, diversos outros trabalhos foram apresentados, com a exibição de audiovisuais, realização de exposições e de debates. Acompanhe as imagens do evento, com a presença de pesquisadores do INCT Brasil Plural. Mais informações podem ser acompanhadas no site das Jornadas Antropológicas e nas redes sociais do evento.

Mesa de abertura com a presença dos professores Rafael Palermo Buti (Unilab-BA), Tereza Franzoni (UDESC) e Ricardo Cid Fernandes (UFPR) com a plateia que participou da atividade.

Estudantes de pós-graduação na mesa ”Ampliando narrativas trans” nas Jornadas Antropológicas 2025

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Estudantes da pós-graduação em Antropologia nas Jornadas 2025.

 

Jornadas Antropológicas debatem 40 anos de diversidade na formação e na carreira

07/11/2025 12:08

As Jornadas Antropológicas são um evento realizado a cada dois anos pelos estudantes de pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGAS/UFSC). A edição de 2025 acontece nos dias 10, 11 e 12 de novembro e tem a participação do INCT Brasil Plural (IBP), que está no evento com a presença de pesquisadores em mesas redondas e rodas de conversa e também com apoio à vinda de palestrantes convidados. Além disso, muitos dos estudantes de pós-graduação que participam e organizam o evento também fazem parte do IBP. O tema das Jornadas Antropológicas desta sétima edição é “Alinhavando tempos: entre memórias, trajetórias e perspectivas de 40 anos de PPGAS/UFSC”, em referência ao aniversário do programa e à produção já realizada pelos egressos do curso. ‘’Este ano os estudantes escolheram o tema dos 40 anos da pós-graduação em Antropologia na UFSC. Não apenas num sentido comemorativo, mas no de refletir sobre a diversidade de formação em Antropologia aqui na UFSC e no Brasil’’, explicou Rafael Devos, coordenador do Programa de Pós-graduação em Antropologia da UFSC e vice-coordenador do INCT Brasil Plural.

O evento tem o objetivo de proporcionar integração institucional e fortalecimento da produção científica, além de ser um espaço para a troca de experiências entre os alunos e alunas atuais e os pesquisadores e pesquisadoras que já passaram pelo programa. Com o tema desta edição, a iniciativa busca tecer conexões entre o passado da história do programa, o presente em construção e as perspectivas para a criação de um futuro de colaborações que possam fortalecer posteriormente o PPGAS e as carreiras dos discentes. ‘’Foram convidadas pessoas que atuam na docência, na pesquisa acadêmica, em órgãos governamentais para o desenvolvimento de políticas públicas e também em projetos culturais’’, conta o professor Devos. ‘’O objetivo é discutir uma diversidade de formações e de atuações profissionais que essa área propicia. A gente tem pesquisadores do IBP participando em várias frentes do evento. Sejam pessoas que estão se formando ainda. Sejam já docentes que se formaram na UFSC e estão vinculados às redes do IBP’’.

As Jornadas, que acontecem no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), nos dias 10, 11 e 12 de novembro durante o dia e em sessões noturnas, têm mesas redondas, oficinas, rodas de conversa, minicursos, mostras de fotografia e audiovisual e ateliês de pesquisa. A programação começa na segunda, dia 10, às 9h, com a ‘’Roda de Saberes de Pesca’’, que vai reunir pescadores artesanais, representantes do Estado, sociedade civil, pesquisadores e professores do Curso de Antropologia. O encontro vai tratar de temas fundamentais para a pesca artesanal como a permanência dos ranchos e o reconhecimento da pesca da tainha como patrimônio cultural.

A mesa de abertura acontece às 19h com a presença dos pesquisadores Rafael Buti, da Unilab, da Bahia, Ricardo Fernandes, da UFPR, e Tereza Franzoni, da Udesc, que vão olhar para o passado e para os futuros possíveis.  Na terça, a partir das 18h30, as professoras Sônia Maluf, Jean Langdon e Viviane Vedana, do INCT Brasil Plural e do Programa de Pós-graduação em Antropologia da UFSC, participam da Mesa Redonda ‘’40 anos de histórias’’, sobre os 40 anos do PPGAS da UFSC, junto também com a professora e antropóloga Carmen Rial. A mesa de encerramento ‘’De discentes a docentes, entre curvas e espirais’’ também contará com a presença do Brasil Plural. Os professores João Rivelino Barreto, pesquisador do IBP, e Alexandra Alencar, ambos da Antropologia da UFSC, dividem a mesa, que acontece dia 12, quarta, às 18h30.

Outras mesas redondas trazem temas como ’’Antropologia para além da academia: mercado de trabalho, pesquisa e além’’ e ‘’Violência, direitos e conflitos: perspectivas etnográficas e antirracistas’’. Oficinas e minicursos vão reunir pesquisadores em torno de assuntos tão ariados como a valorização dos conhecimentos originários guardados e transmitidos pelas mulheres guarani e kaiowá; o apoio a estudantes de pós-graduação em Antropologia Social no processo de candidatura a bolsas de doutorado sanduíche no exterior; experiências e aconselhamentos sobre os acessos a vagas do Sistema ONU para graduandos, pós-graduandos e comunidade em geral; e as contribuições da antropologia para projetos nas áreas socioambiental e de direitos humanos. A programação completa do evento está no site https://jornadasantropologicasufsc.paginas.ufsc.br/. O evento é direcionado para a participação de estudantes, docentes e pesquisadores de pós-graduação, mas é aberto a toda a comunidade.

Serviço:

O quê: Jornadas Antropológicas 2025

Onde: Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Quando: 10, 11, 12 de novembro

Mais informações: https://jornadasantropologicasufsc.paginas.ufsc.br/ e no Instagram @jornadasantropologicasufsc

 

Posicionamento da ABA sobre a chacina resultado da operação policial no Rio de Janeiro

31/10/2025 08:14

O Instituto Brasil Plural (IBP) compartilha a nota pública da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), que manifesta repúdio à política de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, marcada por ações militarizadas que produzem mortes e ampliam o terror nas favelas. A nota, assinada também pela ANPOCS, pela Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) e pela Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), denuncia a gravidade da operação policial que resultou na morte de, pelo menos, 132 pessoas — a mais letal da história do país.

👉 Leia a íntegra da nota abaixo.

Posicionamento da ABA sobre a chacina resultado da operação policial no Rio de Janeiro

Na manhã do dia 28 de outubro de 2025 foi deflagrada uma “mega operação” conduzida por dois mil e quinhentos policiais das Polícias Civil e Militar do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ e PMERJ) e promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ), nos complexos de favelas da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. A intervenção estatal teve como objetivo manifesto “cumprir mandados de prisão contra integrantes de uma facção criminosa”. Contudo, além das 81 prisões produzidas até a publicação desta nota, a ação resultou em, pelo menos, 132 pessoas mortas. Entre elas, 4 são policiais e as demais vítimas civis. Trata-se da operação mais letal da história brasileira, superando a chacina do Jacarezinho, acontecida em maio de 2021 no Rio de Janeiro, quando 28 pessoas foram mortas em operação liderada pela Polícia Civil; assim como o Massacre do Carandiru, ocorrido em São Paulo em 1992, quando 111 pessoas foram mortas pela Tropa de Choque da Polícia Militar de São Paulo. Desta vez, no entanto, a chacina tem a anuência e a participação direta do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

Através desta Nota, a Associação Brasileira de Antropologia, por meio da Comissão de Direitos Humanos da ABA, do Comitê Cidadania, Violência e Gestão Estatal e do Comitê Antropologia Negra Brasileira, manifesta seu repúdio à política de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro nos moldes que vem sendo concebida, planejada e executada pelo governo estadual, através de operações e incursões militarizadas que resultam na produção de mortes, na proliferação do terror e em discursos políticos e sociais de ódio e legitimação de ações de extermínio.

Essa política vem sendo conduzida pelo poder político estatal em uma escalada crescente em sua expressão repressiva e letal. Em 20 de outubro, ou seja, há menos de 10 dias, a ABA emitiu Nota de Repúdio diante da aprovação da chamada Gratificação Faroeste, aprovada em 23 de setembro como parte  da nova lei orgânica da Polícia Civil do Rio de Janeiro – Lei nº 6.027/2025. A medida prevê aos policiais civis uma “premiação em pecúnia (…) em caso de apreensão de armas de grande calibre ou de uso restrito, em operações policiais, bem como em caso de neutralização de criminosos”.

A operação do dia 28 de outubro não pode ser lida apenas como “mais uma ação de segurança pública”: ela é expressão de uma política racializada de produção da morte. Os complexos da Penha e do Alemão são territórios majoritariamente negros e pobres, e aquilo que o Estado nomeia como “megaoperação” se materializa, na prática, como uma intervenção militarizada direcionada a esses corpos específicos. No Rio de Janeiro, dados oficiais sistematizados por redes de monitoramento indicam que aproximadamente 86% das pessoas mortas por intervenções policiais são pessoas negras (pretas e pardas), embora pessoas negras representem pouco menos de 60% da população fluminense; nacionalmente, estimativas recentes apontam que quase 90% das pessoas mortas pela polícia no Brasil são negras, e que jovens negros do sexo masculino seguem como principal alvo letal das forças de segurança.

O que ocorreu na Penha e no Alemão no dia 28 de outubro de 2025, em uma ação que mobilizou milhares de agentes, blindados, helicópteros e drones e produziu dezenas de mortos reconhecidos oficialmente, e mais outras dezenas de vítimas que foram encontradas na manhã do 29 de outubro por moradores e familiares, não é um “excesso pontual”, mas a atualização previsível de uma tecnologia de produção de morte e de repressão que seleciona quem pode viver e quem deve ser eliminado.

Nesse estado de coisas, a presente intervenção estatal coloca em ação, de forma espectacular, uma política de segurança pública eminentemente repressiva e letal e evidencia os múltiplos interesses políticos e econômicos das ações do governo, que, longe de resolver a dita “situação de criminalidade”, incide sobre a vida, a paz e a dignidade dos moradores do Rio de Janeiro.

A ABA conclama o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a Defensoria Pública e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a acompanharem de perto as investigações sobre a operação, bem como a fiscalizarem a atuação das forças de segurança e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, a fim de garantir transparência, imparcialidade e justiça às vítimas e seus familiares. Ainda manifesta sua preocupação pela recorrência incessante de ações policiais que resultam em chacinas e cuja espetacularização, através da circulação de imagens de terror, se torna mercadoria política e eleitoral. A ABA, por fim, se solidariza com as famílias das vítimas e todo o conjunto de moradores das favelas impactadas diretamente em mais uma ação violenta do Estado.

Brasília, 29 de outubro de 2025.

Texto elaborado pela Comissão de Direitos Humanos/ABA, em parceria com o Comitê Antropologia Negra Brasileira/ABA e o Comitê Cidadania, Violência e Gestão Estatal/ABA

Associação Brasileira de Antropologia (ABA); Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP); Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS); Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS); e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)

Leia aqui a nota em PDF.

IV COLÓQUIO TRANSES – 25 ANOS do 22 a 24 de setembro de 2025

17/09/2025 16:47

O IV Colóquio do TRANSES – 25 anos, com o tema Antropologia e devires pós-capitalistas, realizou-se de 22 a 24 de setembro na UFSC, em formato híbrido. A programação contou com mesas de debate e encerrou-se com uma Roda de Conversa, na qual a palavra circulou entre todas e todos, permitindo compartilhar experiências passadas e presentes junto ao TRANSES e discutir o tema Antropologia, democracia e os devires pós-capitalistas. Acompanhe a seguir a programação completa e alguns registros fotográficos do evento.

Aqui e o link dos livros lançados durante o Colóquio

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aprovada concessão do título de Emérito à Esther Jean Langdon coordenadora do INCT/Brasil Plural

29/08/2025 17:14

E.J. Langdon edit

Por ampla maioria dos votos, o Conselho Universitário (CUn) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) aprovou a concessão do título de Professor(a) Emérito(a) a três docentes vinculados ao Departamento de Antropologia do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH). A aprovação ocorreu em sessão especial no dia 26 de agosto de 2025, onde foram apresentadas as propostas pelos conselheiros Michel Angillo Saad, Erasmo Benício Santos de Moraes Trindade e Guilherme Jurkevicz Delben.

Conforme previsto no Estatuto da UFSC, a Dignidade Universitária é concedida “a membro de pessoal docente aposentado, pelos altos méritos profissionais ou por relevantes serviços prestados à Instituição”, sendo concretizada “em diplomas e medalhas a serem entregues à personalidade ou entidade homenageada, em sessão solene na Universidade”. Neste contexto, o Conselho Universitário apreciou a concessão do título a três docentes: Rafael José de Menezes Bastos, Miriam Pillar Grossi e Esther Jean Langdon.

Jean Langdon, destacada por sua atuação como coordenadora do INCT Brasil Plural é reconhecida por suas contribuições pioneiras à Antropologia e à saúde indígena.   Sua carreira na UFSC começou em 1983, como professora visitante, tornando-se docente efetiva em 1988. Mesmo após sua aposentadoria, permaneceu ativamente vinculada à instituição como voluntária e pesquisadora sênior do CNPq. Sua produção científica é extensa, com mais de uma centena de publicações nacionais e internacionais, além de uma atuação marcante na formação de recursos humanos, com a orientação de mais de 100 trabalhos de graduação e pós-graduação.

Entre suas contribuições mais relevantes, destacam-se os estudos pioneiros em xamanismo, antropologia da saúde e povos indígenas, com atenção especial às populações amazônicas, como os Siona. Sua atuação no campo da saúde indígena foi decisiva para a consolidação dessa área no Brasil, influenciando tanto o meio acadêmico quanto a formulação de políticas públicas. Além disso, a professora contribuiu significativamente para os estudos sobre narrativa, performance e ética em pesquisa.

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Esther Langdon também exerceu um papel de liderança institucional, coordenando o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Brasil Plural (INCT) por mais de uma década. Sua atuação foi central na internacionalização da UFSC e no fortalecimento das ciências humanas no Brasil. Em 2022, recebeu o Prêmio de Excelência Acadêmica da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS). Em 2023, a Editora da UFSC publicou o livro Uma antropologia da práxis, com textos de mais de 40 autores que celebram sua obra e trajetória.