Filme “Maré do Peixe” na abertura da V Mostra Arandu de Filmes Etnográficos






O Conselho Comunitário da Costa de Dentro e o Projeto de Pesquisa Sistemas Independentes de Água convidam a comunidade universitária para a exibição do filme Águas Alternativas. O evento ocorrerá na sede do Conselho Comunitário: Estrada João Belarmino da Silva, 2528, a partir das 9h20.

Sobre o documentário: Em Florianópolis, SC, o abastecimento urbano de água é centralizado por uma empresa estatal, como em muitos municípios do país. No entanto, na parte insular da cidade, algumas comunidades não conectadas, ou conectadas parcialmente a tais infraestruturas centralizadas de água e esgoto desenvolveram seus próprios sistemas coletivos alternativos de abastecimento de água. São infraestruturas que conectam o cotidiano e a história de morros e planícies costeiras a cachoeiras, nascentes, aquíferos, reservatórios, hidrômetros e encanamentos. As águas alternativas são apresentadas por seus cuidadores – moradores, técnicos e membros de três associações de moradores que cresceram em torno dessas águas.
Data: 22/10/2024
Horário: 09:20
Realização: CANOA PPGAS UFSC / INCT Brasil Plural
Financiamento: FAPESC; apoio – INCT Brasil Plural (CNPq)

Evento híbrido. Inscrições em: https://inscricoes.ufsc.br/naui20anos
Maiores informações em: https://naui.ufsc.br/evento-naui-20-anos/
Durante o doutorado, Díjna Torres apresentou a contrapartida de construir espaços de salvaguarda físicos e digitais, dentro dos terreiros pesquisados em Sergipe, para catalogar as imagens e documentos produzidos como memória nos espaços, como forma de preservar as narrativas e o conhecimento dos locais, além de servir como modelo para que outras casas possam catalogar seus registros. O objetivo deste encontro é apresentar como foi construída a relação com as casas de axé ao longo da pesquisa e os desdobramentos acerca da importância da preservação da memória a partir dos múltiplos olhares que compõem a complexidade imagética do Candomblé em Sergipe.
*Díjna Torres é jornalista, Doutora em Antropologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mestra em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Em seu estágio pós-doutoral em História, pela UFS, desenvolveu uma iniciativa voltada à divulgação e fomento da história afro sergipana a partir do portal Kizomba dos Saberes. É especialista em educação e cultura afro-brasileira pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá, atua na área de produção cultural, religiões de matrizes africanas no Brasil, imagem, gênero e pesquisa aplicada.


Nesse final d
e semana, Alcindo Wherá Tupã, grande liderança espiritual guarani, se encantou e fez sua passagem para a Terra sem Males. Alcindo e sua companheira a cunha karaí Rosa Poty Djá (que também já fez sua passagem há alguns anos) foram amplamente conhecidos e respeitados na rede das aldeias guarani do sul e sudeste do Brasil como curadores e líderes espirituais dotados de grandes poderes e conhecimento. Nascidos na década de 1920, passaram grande parte de sua vida adulta mudando de um lugar para outro, convivendo com o aumento da ocupação não-indígena no território tradicional guarani e a violência que resultou desse processo.
Eles chegaram em Santa Catarina no final dos anos 1980 em uma migração inspirada por sonhos xamânicos e se fixaram por várias décadas na aldeia Yynn Moroti Wherá ou M’Biguaçu (Biguaçu, Santa Catarina) com o sonho de voltar a viver de acordo com o nhandereko, o modo de ser guarani. As características pessoais desse casal de anciões e sua busca pelo modo de vida guarani, bem como sua preocupação com a revitalização cultural, se expressaram em uma série de iniciativas criativas empreendidas em áreas como saúde, educação e xamanismo. A reocupação da aldeia de M’Biguaçu por esta família extensa coincidiu com um processo de valorização da tradição que começou a se intensificar nos anos 1990 e teve como alguns de seus marcos a construção de uma nova opy (casa de reza), a edificação da primeira escola bilingue dentro da Terra Indígena, a retomada dos rituais noturnos de reza, canto e dança na casa de reza, a formação da rede da Aliança das Medicinas e a fundação da Igreja Nativa Tata Endy Rekowe, reacendendo o Fogo Sagrado.
Alcindo e Rosa foram responsáveis também por formar novas gerações de lideranças espirituais e políticas entre os Guarani, que hoje estão atuando em diferentes frentes, nas aldeias, em órgãos governamentais e na universidade, entre outros múltiplos espaços. Eles se foram em matéria, mas deixaram uma série de sementes, ensinamentos e exemplos para nos ajudar a adiar o fim do mundo.
O Núcleo de Estudos de Saberes e Saúde Indígena (NESSI/UFSC) e o Instituto Brasil Plural se solidarizam com a família e a comunidade pela sua perda.